sábado, 28 de julho de 2012

diz que fui por aí

para curar coração
fígado
e pulmão
só samba lotado
e uma noite de sono 
de cara amassada

ah que cálido
meu travesseiro e as cobertas
macias
ursos de pelucia da minha idade
- mais ou menos adulta -

...
quantos versos gritados
cantados a pleno tórax
a largos goles
a suaves lembranças

diz que fui por aí 
levando um violão
... pro mestre mestre sala dos mares

e só mantenho
lá longe
1200
ou mais quilometros
o pensamento, o sentido da vida
a distancia dolorida

ah... cerveja
me amenize
cure
esse apertado dentro do peito
que pulsa

RESPIRAR
FUNDO
é necessidade

sábado, 21 de julho de 2012

consistência

de altos e baixos a gangorra da vida é feita
um vai e vem de absurdos e
concretas mudanças
decisões que afetam a consistência
dos objetos
das pessoas
das conversas
e vontades
mas nós
seres errados
desde o sempre que se chama sempre
construimos tijolos de pó
sobre promessas
e zelos
e cheios
de cautela
para a montanha russa ficar menos de si
aumentamos a intensidade
e o erro
e o doce acerto
nos aprimoraproxima
e afasta
o corpo fisico tisico coitado
animalesco
e vivemos de pó inconstante
nos altissimos e baixissimos
dessa filosofia
banhada a lembranças
longas e solitarias

quanto de ti ainda na minha
vidamorterespirar

sussurra
não queira acordar meusteus
demônios

domingo, 1 de julho de 2012

o gato em mim

o centro de são paulo
à noite
se torna algo de espectral
lindo e velho
um sábio a dizer as veleidades
de tempos antigos

andar pelas ruas
transitar sobre o minhocão
por mais gente moderna
que se veja passando
parece que tudo
soa um pouco jazz
pequenas gotas de outrora
como uma bala de funcho
verde-mato
translúcida e doce
que a vó colocava no chimarrão

lembranças, novamente
me surgem, como um déja vu ininterrupto
que se propaga na amiga, nas pessoas, nos passos, no passo
fundo

ah o centro antigo à noite

me traz algo de fellini - de felino
uma profunda
vontade
de enroscar o rabo nas pernas alheias
e pedir carinho
e pedir contato
negando veemente
depois do primeiro olhar.

ah que desejo
de despertar o gato em mim