sábado, 22 de setembro de 2012

das horas cálidas de conversas infinitas.

apago
apago-te, apago tudo
o mundo
lembranças
de um passado duvidoso
parco, sentimental
mente
me apago
de momentos
ignoro
o desatino de um coração alheio
diferente deste

entendo
que não
e afasto a hipotética
que não foi

me levanto
sedenta
com olhos claros
esclarecidos
pensamentos acertados
e
mesclo
passado ainda mais
remoto
distante
e presente sutil
de sutilezas delicadas
de conversas homéricas
de gente

me insiro
nos cantos de verbena
momentos de ouro
honrosos, belos, fugazes
me apego
no afago das horas vagas
comigo mesma


junto
nos diasnoitesbrancas
de outrora
longínquospróximos
aproximo
sentidos vorazes
voz
de entendimento absurdo
de timbre tal qual meu

procuro
aconchego
em mim
em quem

me quer bem.


domingo, 16 de setembro de 2012

sábado já domingo

é no silêncio do quarto iluminado, de vermelho sangue, na madrugada de um supostamente feliz sábado, que organizo a vida em mim. arrumo ideias, dobro e desdobro sentimentos e energias, coletados ao longo da semana. tento entender. a razão sempre passou longe dos meus passos, a intensidade de um coração vadio é a minha realidade, é Caroline. e, sem conseguir mudar esse fato, embora tentativas não faltem - unicamente para evitar novas agrurasferidascicatrizes, compreendo e aceito, me aceito. tiro o batom roxo, os brincos douradospesados de ontem, as meinhas de lurex prata, e olho meu reflexo no espelho grande. sou eu, sei bem quem sou, me encontrei no instante mais ordinário, no cotidiano mais intensamente cruel. deitei na cama arrumada de costas nuas e solitárias. disse num sussurro amigo pra mim mesma: tu é uma coletora de momentos bons e ruins, mais uma bofetada da vida não faz muita diferença. hai que tener cojones, Caroline.

domingo, 2 de setembro de 2012

da dúvida, do medo e afins - questões e síndromes de domingo

por incrível que pareça
e muito provável que sim
o destino resolveu
virar-se
de costas longas e vestes pretas
sorriu sincero
nariz pontudo, mãos calejadas, dentes
dizendo
toma, minha mão, pra ti.

peguei e dei
um passo para trás
com medo
com dúvida
mas certa
de que era a opção
o único caminho
a seguir
e desde
isso
meu coração
novo e já
baleado
tem sido assim
batendo forte
e descompassado

o mundo, a realidade
docedeliciosa
feliz
impregnada de momentos
e leveza
mas essa
tal kundera escreveu
 - insustentável,
pela própria natureza
de si mesma -
eleva-se e cai
como toneladas flutuantes

quando deixarei as interrogações de lado?
quando
ou se

jamais, sem saber
sigo
na felicidade triste
completaincom
racional, entregue, porém
- pela metade
na dúvidacerteza
no medoesperança

ah, quantas de mim
dentro daqui