segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2.0.1.3

ano acabando
e outro que entra
a galopes e batidas de asas
de borboleta
de cores à la psicodelia
psicodeliando 
penso nas vontades 
nos desejos fundos
nas ânsias da brevidade
analiso
rápidas ondas
plena energia
passando pelo corpo
quente
queimado de sol
de fogo de 
outrem
planetas
repenso...

2013
ano de cabala
ano de Caroline
ano de adorar
de doar 
sem esperar
de energias de mil cores
de mil faces
de mil amores
da permissão da dúvida
ano de mais 70's
de mais tranquilidade
de mais dia
de luz, de sombra
de equilíbrio
de mudanças intensas
internas
profanas
sagradas
santas?

ano de rever
de repensar
de reavaliar
ano de ter
o mais de todos
espírito livre

ano de respirar
fundo
e recomeçar
certos ciclos

agradeço às energias
do todo
do universo
pelo ano que vai embora
2012
maleável, descobrível, despertável
descoberto
fui
descoberta

e que 2013
venha a passos largos
e a ventos bons
a todos meus queridos

até ano que vem ;)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

depois do expediente, antes das compras natalinas... uma ideia.

queria poder fazer
uma canção
- maléfica -
de maleficências
contemporâneas
e bem-ditas
palavras
- benditas -
que sufocam
mundo e
escrevem em vão
em vãs
paredes
loucas
brancas
- queria
a transparência das
vossas
pernas
das vossas
- asas
das nossas
penas

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

em chamas ou das sobriedades da alma do doze do doze do doze

e que travessia é essa?
de mar e terra crua
minhas
pálpebras se mantem acesas
na obviedade do então
do antes
e o agora claro
de doze melenas
fez-se presente
como pétala sobre poça
chuva que não veio
e me entendeu humana
na ausência toda
da esperança
vasta
estúpida
sentir
mento
que move mundo
e montanha
russa
roletas e afins
atira!
joga!
move!
arrisca
barganha
ganha
teu próprio
eu

despedaçado, desmilinguido
apodrecido na memória
da tua, de seres
atrapalhando o entender
racionalsentimental
de tudo que outrora
existiu

suspira
sente o ar inócuo
a cidade que te
chama
que clama
teu nome mais profundo
mais profano
ouve
o vento longe
que grita

acorda!
acorda!

é verdade
é alegria
alegria

dancemos
celebremos
a chegada
de novos
eus

domingo, 25 de novembro de 2012

questões dominicais ou das memórias empilhadas em caixas de papelão

às vezes
il faut
dar a cara
ao tapa
mesmo sabendo
do estalo na pele
da dor da batida

às vezes
preciso questionar 
a vida
o rumo dos destinos alheios
o meu rumo de mundo 
colocar cartas, pau e razões 
na mesa
e perceber
aceitar
mudar
erros e acertos

me pego 
de noite 
cabelo voando 
na janela pequena
o quarto vermelho
o silêncio da cidade
inspirapensareflete
o mundo de dentro pra fora

absorve tal esponja
as escolhas os caminhos a beleza
a feiura
de certos momentos
e pergunto
para nuvens
que deus é o meu
que crença e falta de 
é essa que sinto

e finalmente
como num único labirinto
apertado e ululante
chego no fim
de um pensamento de
massa cinzenta
batidas no peito

com cara de ó
levanto interrogações...

o certo 
é o melhor
a ser seguido?


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

alegria, alegria

de um frescor matinal
uma brisa de sol, de luz, de vida
entra na rotina
fácil, frágil
que caminha cambaleante e alegre
a ventos breves
 
coração vazio
com gavetas somente de amarfanhados
e retratos e retalhos e cartas
passadas
antigas como o tempo
lembro, lembro
mantenho (te)
com amor e fogo, na espera
de algum dia
 
uma promessa
de dia a dia
cotidiano junto
de gatos, livros e calor
quem sabe...
intuição
destino
cabala?
e no agora
de segundos rápidos
sigo
sem eiras
nem passos
sem porquês
nem gente
que nada
significam.
mantenho apenas
o coração leve
o cabelo solto...
ah! alegria
alegria!

sábado, 22 de setembro de 2012

das horas cálidas de conversas infinitas.

apago
apago-te, apago tudo
o mundo
lembranças
de um passado duvidoso
parco, sentimental
mente
me apago
de momentos
ignoro
o desatino de um coração alheio
diferente deste

entendo
que não
e afasto a hipotética
que não foi

me levanto
sedenta
com olhos claros
esclarecidos
pensamentos acertados
e
mesclo
passado ainda mais
remoto
distante
e presente sutil
de sutilezas delicadas
de conversas homéricas
de gente

me insiro
nos cantos de verbena
momentos de ouro
honrosos, belos, fugazes
me apego
no afago das horas vagas
comigo mesma


junto
nos diasnoitesbrancas
de outrora
longínquospróximos
aproximo
sentidos vorazes
voz
de entendimento absurdo
de timbre tal qual meu

procuro
aconchego
em mim
em quem

me quer bem.


domingo, 16 de setembro de 2012

sábado já domingo

é no silêncio do quarto iluminado, de vermelho sangue, na madrugada de um supostamente feliz sábado, que organizo a vida em mim. arrumo ideias, dobro e desdobro sentimentos e energias, coletados ao longo da semana. tento entender. a razão sempre passou longe dos meus passos, a intensidade de um coração vadio é a minha realidade, é Caroline. e, sem conseguir mudar esse fato, embora tentativas não faltem - unicamente para evitar novas agrurasferidascicatrizes, compreendo e aceito, me aceito. tiro o batom roxo, os brincos douradospesados de ontem, as meinhas de lurex prata, e olho meu reflexo no espelho grande. sou eu, sei bem quem sou, me encontrei no instante mais ordinário, no cotidiano mais intensamente cruel. deitei na cama arrumada de costas nuas e solitárias. disse num sussurro amigo pra mim mesma: tu é uma coletora de momentos bons e ruins, mais uma bofetada da vida não faz muita diferença. hai que tener cojones, Caroline.

domingo, 2 de setembro de 2012

da dúvida, do medo e afins - questões e síndromes de domingo

por incrível que pareça
e muito provável que sim
o destino resolveu
virar-se
de costas longas e vestes pretas
sorriu sincero
nariz pontudo, mãos calejadas, dentes
dizendo
toma, minha mão, pra ti.

peguei e dei
um passo para trás
com medo
com dúvida
mas certa
de que era a opção
o único caminho
a seguir
e desde
isso
meu coração
novo e já
baleado
tem sido assim
batendo forte
e descompassado

o mundo, a realidade
docedeliciosa
feliz
impregnada de momentos
e leveza
mas essa
tal kundera escreveu
 - insustentável,
pela própria natureza
de si mesma -
eleva-se e cai
como toneladas flutuantes

quando deixarei as interrogações de lado?
quando
ou se

jamais, sem saber
sigo
na felicidade triste
completaincom
racional, entregue, porém
- pela metade
na dúvidacerteza
no medoesperança

ah, quantas de mim
dentro daqui

sábado, 28 de julho de 2012

diz que fui por aí

para curar coração
fígado
e pulmão
só samba lotado
e uma noite de sono 
de cara amassada

ah que cálido
meu travesseiro e as cobertas
macias
ursos de pelucia da minha idade
- mais ou menos adulta -

...
quantos versos gritados
cantados a pleno tórax
a largos goles
a suaves lembranças

diz que fui por aí 
levando um violão
... pro mestre mestre sala dos mares

e só mantenho
lá longe
1200
ou mais quilometros
o pensamento, o sentido da vida
a distancia dolorida

ah... cerveja
me amenize
cure
esse apertado dentro do peito
que pulsa

RESPIRAR
FUNDO
é necessidade

sábado, 21 de julho de 2012

consistência

de altos e baixos a gangorra da vida é feita
um vai e vem de absurdos e
concretas mudanças
decisões que afetam a consistência
dos objetos
das pessoas
das conversas
e vontades
mas nós
seres errados
desde o sempre que se chama sempre
construimos tijolos de pó
sobre promessas
e zelos
e cheios
de cautela
para a montanha russa ficar menos de si
aumentamos a intensidade
e o erro
e o doce acerto
nos aprimoraproxima
e afasta
o corpo fisico tisico coitado
animalesco
e vivemos de pó inconstante
nos altissimos e baixissimos
dessa filosofia
banhada a lembranças
longas e solitarias

quanto de ti ainda na minha
vidamorterespirar

sussurra
não queira acordar meusteus
demônios

domingo, 1 de julho de 2012

o gato em mim

o centro de são paulo
à noite
se torna algo de espectral
lindo e velho
um sábio a dizer as veleidades
de tempos antigos

andar pelas ruas
transitar sobre o minhocão
por mais gente moderna
que se veja passando
parece que tudo
soa um pouco jazz
pequenas gotas de outrora
como uma bala de funcho
verde-mato
translúcida e doce
que a vó colocava no chimarrão

lembranças, novamente
me surgem, como um déja vu ininterrupto
que se propaga na amiga, nas pessoas, nos passos, no passo
fundo

ah o centro antigo à noite

me traz algo de fellini - de felino
uma profunda
vontade
de enroscar o rabo nas pernas alheias
e pedir carinho
e pedir contato
negando veemente
depois do primeiro olhar.

ah que desejo
de despertar o gato em mim

segunda-feira, 18 de junho de 2012

FÔLEGO

não existe amor em SP
canta criolo
depois de inúmeras conclusões
nem tão duras
nem tão doces
sobre a vida
e o sentido atual do mundo que corre nas veias
o pouco tempo que sobrasmigalhasmiudas
consigo vertiginosamente pensar
analisar
sobrevoar eu
ver momentos
relembrar pessoas
resgatar
-me
como superficialidades
inumeras
conseguem suprir a necessidade de
gente!
de mim mesma

devolva minha vida
penso constante
equilibrada na corda lisa e bamba e solitaria
que sustenta odes e poemas
e cotidiano

cotidiano tão distante
do que já foi quisto
do que chico cantou
aquele melado acordar
que mente, que inexiste em si próprio

preciso fazer de novo
algo que me toque
que tire tudo do eixo
que gire até eu cair
e vomitar estômagobilecabeça
pesando
preciso
de ALGO
que me tire o fôlego
sem que esse seja o fôlego da vida

preciso me encontrar, grande
cartola
me traz de volta

preciso encontrar
motivos e meios e ativos e mundo
uma purpurina de felicidade
perdida
evanecida
ao longehátempos

que perda
que perda.
que me entristece e aperta e sufoca.

respirar virou tosse
o bem é relativo
o querer é uma questão
dolorosa de se ouvir
dói o figado, a alma de tudo
socos que me tiram
o FÔLEGO

toma-o
respira o ar impuro
dessa capital imunda
vive
nesse apartamento não se pode
morrer

sábado, 26 de maio de 2012

eventos da vida ou das coisas que seguro em mim.

por que eu sofro
o que não devo nem olhar
por que suspiros
me vem em hora
e por momentos
e por palavras
e por pessoa
tão imprópria
impropérios dirijo a mim
pensando no que deveria ter feito
mas a hipótese é sempre burra
e nunca deveria ter sido
tanto que
não foi.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

trago

trago
trago
de dentro
do peito
do osso
todos os amores
todos os sonhos
as esperan'cas
e aquelas nao tao ingenuas assim
trago
inspiro a vida
e toda a morte
incrustrada nos momentos
nos segundos, viva
e fundo
solto
o ar da noite gelada
a lua escondida
o copan a vista
o orgao que me deixa
sentir-me
... batendo rapido tum tum TUM tum tum TUM
pulando descompassado
um pouco a mais do que
necessariamente precisa
acho que sou assim
sempre, desde que
conhe'co
um minimo de mundo
intensamente batidas
fora do ritmo - esse micro cavalo
ao longe
dentro do torax
vai, sem porque
galopando sem sentido
sem pra onde
portanto, o norte
sempre 'e buscado
com tanto afinco
com tanto desespero
e nevoa
e melancolia
e saudades
dentro dos olhos
verdes
de campo
...

respiro
afinal
maos tremulas
unha pintada
veias azuladas
dedos longos de pianista?

minha "nossinhoradequemnaosaberezar"
mantenha
firmes e eternos
todos os sonhos, as vontades
e os suspiros
e que continuem lindas
na memoria
as folhas de platano
caidas pela pra'ca
no inverno seco
que doi o nariz

amem.

sábado, 12 de maio de 2012

almost blue

hoje
farei
tudo contrario
de tudo que sempre gostou
(que sempre gostei?)
me confundo
com meus prazeres

uma leve
question
impregnada de mim

passarei lepida
por brasileiros
beberei algo doce
pra esquecer o uisque
que ja tive demais
virarei o rosto machucado
pra poesia
acenderei os sentidos
somente
a quem me quer
bem

colocarei chet baker
no vinil ficticio
lerei moda
design
fecharei os olhos
quando cruzar na estante
algum filosofo do amor
pois amor
nao se filosofa
mas se pratica
se doa
sem importar a quem, dizia o ditado
nao?

hoje
olharei opostos
e iguais a mim
quem sou
- interroga'coes e reticencias -
nem vem ao caso
nessa noite de sabado
com ventos bons
de sao paulo
-
essa cidade calida
e detestavelmente interessante
-
que nao promete
senao
boas conversas
e batom vermelho
na boca que canta
almost blue

quarta-feira, 25 de abril de 2012

das noites melancolicas, da celula ferida.

sei da repeticao
mas 'e o fator da
regeneracao
que me traz
esse disco riscado
ao peito

que dor que 'e
a saida
abrupta
(the world falling apart
e nada que eu possa fazer)
como um cordao arrancado
a despejar
perolas no chao sujo

ah, solidao
minha companhia
mais melancolica
acompanhada
dos miados
da peluda e pequena
fiel e, ao mesmo tempo
contraditoriamente
arisca

ah, cobertores
...
quanto tempo
aguento
debaixo
de voces?

somente o tempo
vai ter a treplica
e a cura
dessa celula doente

ah, adaptacao. ah, aceitacao.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

toma folego.

isolar os fatos isolados no passado.
isolar-me da memoria
abster-me de acessar dados
da minha propria vida
consequencia de consecutivos
e doloridos
tombos

quantas perguntas
a razao desparafusa o ultimo
pino
que sustentava a porra toda
a porra da realidade
e do sonho todo
e tudo
vira farinha e p'o

nunca entendi tao bem
esse titulo do Fante
"pergunte ao p'o"

- sinceramente
diga-se
perguntar ao p'o
'e a coisa mais idiota
repetitiva
sem sentido
e desesperada
que alguem
eu
poderia recorrer -

acreditei
entendi que sim
aprendi que era isso
e amei
me joguei no ar
com tudo que pertencia a mim
e de novo
pelo mesmo
ja certo ha tanto tempo

o tapa da realidade
podre
vem
e me tira o folego

sem ar
sem repirar
tranca, tranca, segura
e solta a vida pela boca
morrer?

nao
da morte
quero somente
a distancia

da vida
quero o aprender
o mundo
o momento
a alegria

vai, caroline
lava o rosto
e vai sambar
"levanta, sacode a poeira, e da a volta por cima"

quarta-feira, 11 de abril de 2012

a rapida ode ao gato. em homenagem a ernesto, jasmine, alphonsus e dominique.

na sobriedade das palavras
nao retiro os acentos dos gatos
os miaus agudos
os ronronados graves
como
motorezinhos ligados
entoam "ron"
anunciando mais que um boxer
poodle
ou pastor
jamais conseguiria

animais, sem querer
praticar o especifismo
perdoem os latidos
mas o ronronado
mais fala
mais expressa
e nenhum som
vibra
somente
uma mimica de timbres
uma sintonia de sentimentos

todos os gatos
que sao pardos?
lindos, gatos!
pelos ladrilhos de madrugada
imperadores das ruas
e das almofadas peludas
as mamaes que nunca tiveram

ronronam
medo
prazer
carinho
amor
raiva.

quao parecidos somos
desses bichanos languidos
que pararam no tempo
na era do jazz

um ronron
o enrolar de um rabinho felpudo
o ro'car da orelha em triangulo
somente distinguem
aqueles que sao
(puros?)
e felinos
de cora'cao.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

vai, barata, viver de esgoto na vida.

pensarão que somente bebo
e o faço
com o intuito de
conversar
ter
com amigas
uma troca de palavras
sinceras
e terapêuticas

com vitoria, a régia
foi assim
e hoje e sempre
que topamos com nossa vontade
inibida pelo cotidiano
nos botecos da augusta
cervejitas e o alcool
libera o pior/melhor em mim
com vitoria
a vitoria
da terapia se faz
(e do trocadilho pobre também)

e histórias e lágrimas chegam à mesa
de madeira
e garrafas
terminando a noite
na boca do metrô
orando

ó minha nossa senhora
das meninas da cerveja e do boteco
não deixais
que essa barata passe por cima do meu pé calçado de mocassim prateado.

vai, barata, viver de esgoto
- vai, inseta cascuda
ser gauche
na vida.

quarta-feira, 21 de março de 2012

a cerveja e a maionese

depois de curtos
rápidos
e hilários
goles de cerveja
em um happy hour íntimo
desinibido
e libertador

caminho só
por ruas desertas
que
ao invés de hostis
me soaram hospitaleiras
aconchegantes
e dóceis
são paulo?
sim.

o clima nem clima era
mas só a reflexão do meu corpo
pequeno e rápido
de botinhas
caminhando e pensando

o vento
não traía meus sentimentos
e se mantinha firme na mesma sintonia
na mesma tempertatura
que o órgão dos órgãos
a pálida e latente
de tantas pintas e pêlos finos

repirar o ar (nada) puro
dessa paulicéia
reprimida
por mim
pelo meu coração
reclamão, chato
um velho encarnecido

e estar só
comigo e meu passado
e minha alma
e vontades
e ser fiel ao mais profundo e ao mais vil
ao mais superficial
ideal
de vida
e de morte?


eu

e eu
.
.

finalmente
em casa
considerando os perigos
de estar sozinha
às onze da noite
o herói da madrugada
de ferro, alaranjado
vem me buscar e me deixa
na esquina de casa

no apartamento
tão imenso e ínfimo
ao mesmo tempo
quanto um ovo de codorna
e tudo que este poderia ter sido
de volta ao lar
com Dominique estressada
pedindo comida e carinho
e atenção

chega, Domi
já vou
calma
já vou
ração?
me deixe com a minha primeiro
sanduíche
incrementado
com picles
e maionese

empilho tudo
cuidadosa
em duas torrezinhas honestas
calmas
pão
margarina
queijo
picles
suco de maçã
não cabe?

encaixa
no queixo

cabe sim

PLÁ!

claro
e
por mais avisos de pai
e mãe
lá vou eu
com paninhos
e o vidro de maionese no chão
estraçalhado junto com minha vontade de dormir
antes da meia noite

papel-toalha
lembra de Almodóvar
e Penélope Cruz
em Volver

pano de chão
molhado
cuidado comigo
cuidado com a gata em dobro
para não ultrapassar
a barreira do pssst-passa!

limpeza
paranóia
cheiro de maionese
e todos os ovos
e os bicarbonatos e sulfatos e químicos sabe-se quais?
que poderiam ter sido
no meu prato
se foram
no azulejo branco
no taco telha

e me trouxeram de volta do balão
pra realidade
me lembrando
que amanhã
ainda
é
quarta-feira

sábado, 10 de março de 2012

sambei só

em casa
depois de algumas horas
sambando

sem acreditar
que poderia algum dia
ter a ginga da morena
longe disso - pelo menos um touch
de mulatice nessa existência albina

fui lá
descrente
e sem esperanças
depois de goles largos
da original
amarela e gelada
...sambei
como nunca
como nunca havia me visto
sambar. dançar?
fazia tempo TEMPO

o sentimento da vida
transbordando pelas têmporas
e um constante e reconfortante
sentimento de foda-se
colado em mim
to fazendo certo? foda-se
to dançando direitto? foda-se

o dobrar dos joelhos
queimando
o quadril de bailarina imóvel
por anos
-
se algum dia poderei ter esse título
-
o respirar a música
o perder-se
o encontrar-me.

minha alma
ou esse algo de essencial que sou
tão suspiros
leve, solta de tudo
livre do boteco
e pesada - ao mesmo tempo
a constante
briga
entre cérebro
e esse bater ininterrupto

os pensamentos
e os sentimentos pesados
caem no infinito do deixamos pra depois

e cedem espaço
à música
a noel
e às notas do saudosíssimo

o corpo
especialmente contorcendo-se
em um samba solitário
verdadeiro e entregue
à minha vontade
à necessidade
de mandar o mundo pra fora
colocar o sangue em segundos de passitos

dançar voltou
a ser prioridade
para minha própria
saúde mental



domingo, 26 de fevereiro de 2012

não tenho medo do escuro

mas deixe as luzes acesas

é com legião que começo
esse texto fracasso
fracasso
porque
provavelmente
vai ficar por aqui
nesse universo virtual rosa
antigo
um absurdo da inexistência

e hoje?

só para falar do dia
de mim
de quanto tempo não escrevia e
vomitava meus sentimentos
volver
com minha terapia solitária
escrever como se não houvesse
mais nada a ser feito

cuido as palavras,
ainda não as reacostumei
a despejarem-se loucas
como antes

são são paulo
ensolarado
quente como nunca
a amiga
boa e velha
vindo de passo fundo
uma tarde que promete
ser bonita, agradável
nova

é isso que eu quero, não?
novidade
pessoas
coisas
momentos
um mundo estranho pela frente
gosto da sensação
de começar de novo
de estar sozinha
e desamparada
indo contra a parede
de cara
de frente
dói
mas me faz sentir
me sentir
viva

nos entantos
tantos que tem
é tão difícil
como uma viciada
procuro meios de

distrair

de fugir da solidão
de mim mesma

aí penso
paro
repenso
respiro
e de novo
me obrigo
a ficar
na total
solidão





vamos ver no que dá.