quarta-feira, 25 de abril de 2012

das noites melancolicas, da celula ferida.

sei da repeticao
mas 'e o fator da
regeneracao
que me traz
esse disco riscado
ao peito

que dor que 'e
a saida
abrupta
(the world falling apart
e nada que eu possa fazer)
como um cordao arrancado
a despejar
perolas no chao sujo

ah, solidao
minha companhia
mais melancolica
acompanhada
dos miados
da peluda e pequena
fiel e, ao mesmo tempo
contraditoriamente
arisca

ah, cobertores
...
quanto tempo
aguento
debaixo
de voces?

somente o tempo
vai ter a treplica
e a cura
dessa celula doente

ah, adaptacao. ah, aceitacao.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

toma folego.

isolar os fatos isolados no passado.
isolar-me da memoria
abster-me de acessar dados
da minha propria vida
consequencia de consecutivos
e doloridos
tombos

quantas perguntas
a razao desparafusa o ultimo
pino
que sustentava a porra toda
a porra da realidade
e do sonho todo
e tudo
vira farinha e p'o

nunca entendi tao bem
esse titulo do Fante
"pergunte ao p'o"

- sinceramente
diga-se
perguntar ao p'o
'e a coisa mais idiota
repetitiva
sem sentido
e desesperada
que alguem
eu
poderia recorrer -

acreditei
entendi que sim
aprendi que era isso
e amei
me joguei no ar
com tudo que pertencia a mim
e de novo
pelo mesmo
ja certo ha tanto tempo

o tapa da realidade
podre
vem
e me tira o folego

sem ar
sem repirar
tranca, tranca, segura
e solta a vida pela boca
morrer?

nao
da morte
quero somente
a distancia

da vida
quero o aprender
o mundo
o momento
a alegria

vai, caroline
lava o rosto
e vai sambar
"levanta, sacode a poeira, e da a volta por cima"

quarta-feira, 11 de abril de 2012

a rapida ode ao gato. em homenagem a ernesto, jasmine, alphonsus e dominique.

na sobriedade das palavras
nao retiro os acentos dos gatos
os miaus agudos
os ronronados graves
como
motorezinhos ligados
entoam "ron"
anunciando mais que um boxer
poodle
ou pastor
jamais conseguiria

animais, sem querer
praticar o especifismo
perdoem os latidos
mas o ronronado
mais fala
mais expressa
e nenhum som
vibra
somente
uma mimica de timbres
uma sintonia de sentimentos

todos os gatos
que sao pardos?
lindos, gatos!
pelos ladrilhos de madrugada
imperadores das ruas
e das almofadas peludas
as mamaes que nunca tiveram

ronronam
medo
prazer
carinho
amor
raiva.

quao parecidos somos
desses bichanos languidos
que pararam no tempo
na era do jazz

um ronron
o enrolar de um rabinho felpudo
o ro'car da orelha em triangulo
somente distinguem
aqueles que sao
(puros?)
e felinos
de cora'cao.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

vai, barata, viver de esgoto na vida.

pensarão que somente bebo
e o faço
com o intuito de
conversar
ter
com amigas
uma troca de palavras
sinceras
e terapêuticas

com vitoria, a régia
foi assim
e hoje e sempre
que topamos com nossa vontade
inibida pelo cotidiano
nos botecos da augusta
cervejitas e o alcool
libera o pior/melhor em mim
com vitoria
a vitoria
da terapia se faz
(e do trocadilho pobre também)

e histórias e lágrimas chegam à mesa
de madeira
e garrafas
terminando a noite
na boca do metrô
orando

ó minha nossa senhora
das meninas da cerveja e do boteco
não deixais
que essa barata passe por cima do meu pé calçado de mocassim prateado.

vai, barata, viver de esgoto
- vai, inseta cascuda
ser gauche
na vida.