quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

reflexões de uma noite saudosista solitária. ou dos consecutivos chutes do destino que me tiram o fôlego

26/12/12
quase fim de ano
reabri meus cadernos 
antigos
revirei as páginas dos meus
16 anos
ou menos
quantas escritas
jogadas ao léu
quantas letras perdidas 
no tempo

quase ano
que virá
Passo Fundo
ainda é
a cidade mais intimista
de eternos acontecimentos
de retorno
de volta
de pararpausar
a roda gigante
e rever o trajeto

revi os livros de magia
branca
leitura de mão
e de letras
revi minha letra
tão mudada
de legível para
inalcansavelmente
borrada
única e rápida
em poucos anos

e nesse tempo passado
a letra
é somente 
um pormenor 
uma consequência
do que mudou internamente

me deparei
entrando
no quarto antigo
lento
denso
com duas fotos 
nas paredes ao lado do espelho
um bebê
com menos de um ano
e uma adolescente de 15
com olhares
ambos
de deslumbre e determinação
essenciais características
de Caroline

assim
na areia dos dias leves
penso
esse deslumbre, perdi?
vejo agora
no reflexo
as janelas 
de minh'alma
-
olhos de calejo
e molejo
olhos de swingar na vida
olhar de ilha
de perda e ganho e costume
adaptação
cílios longos de cansaço
retóricos
oblíquos

olhos de cantos felinos
de falta latente
olhos meus
de Carol não bebê
nem criança, nem adolescente
mas de adulteza ganha
de vida
finalmente desvendada e conhecida

pequenas
bolitas frágeis 
de centro de universo
de cores diversas
-
não mais azuis
de tremenda inocência
mas verdes
de amarelo claro
e azulada córnea
de tamanha
malemolência
malandreza
...malevolência?

só o tempo
dos ponteiros a ticar
dos relógios infindos
... dirá