quase fim de ano
reabri meus cadernos
antigos
revirei as páginas dos meus
16 anos
ou menos
quantas escritas
jogadas ao léu
quantas letras perdidas
no tempo
quase ano
que virá
Passo Fundo
ainda é
a cidade mais intimista
de eternos acontecimentos
de retorno
de volta
de pararpausar
a roda gigante
e rever o trajeto
revi os livros de magia
branca
leitura de mão
e de letras
revi minha letra
tão mudada
de legível para
inalcansavelmente
borrada
única e rápida
em poucos anos
e nesse tempo passado
a letra
é somente
um pormenor
uma consequência
do que mudou internamente
me deparei
entrando
no quarto antigo
lento
denso
com duas fotos
nas paredes ao lado do espelho
um bebê
com menos de um ano
e uma adolescente de 15
com olhares
ambos
de deslumbre e determinação
essenciais características
de Caroline
assim
na areia dos dias leves
penso
esse deslumbre, perdi?
vejo agora
no reflexo
as janelas
de minh'alma
-
olhos de calejo
e molejo
olhos de swingar na vida
olhar de ilha
de perda e ganho e costume
adaptação
cílios longos de cansaço
retóricos
oblíquos
olhos de cantos felinos
de falta latente
olhos meus
de Carol não bebê
nem criança, nem adolescente
mas de adulteza ganha
de vida
finalmente desvendada e conhecida
pequenas
bolitas frágeis
de centro de universo
de cores diversas
-
não mais azuis
de tremenda inocência
mas verdes
de amarelo claro
e azulada córnea
de tamanha
malemolência
malandreza
...malevolência?
só o tempo
dos ponteiros a ticar
dos relógios infindos
... dirá