quase sinto o gosto
da chuva que caiu
duas horas e minutos
atrás
quase sinto
o gosto do concreto molhado
do trem cheio
das pessoas suadas
cansadas
de tanto cotidiano
de tanta são paulo
quase sinto
ao fechar os olhos
e inalando a poluição
o cheiro de mato
o cheiro do cocô de galinha
de terra úmida
de flor de jasmin
das tulipas
moribundas da geada
quase, mas só quase
sinto junto à fumaça
e aos carros indiferentes
o cheiro da casa da vó
cheiro de pão vindo
quente!
cheiro
e som
do fogo crepitando
o fogo do conselho!
sinto cheiro dos dias
que já foram e não voltam mais
não é saudade
exatamente
é mais nostalgia
a lembrança
o presente querendo ser esquecido
por minutos
apenas
essa memória
vem
aos largos goles
pelo canudo, fino
para preservar o batom bordô
de dia nublado
dando esses largos goles,
então,
de sede
no doce e saudável
chá
branco
.
.
.
quase sinto passofundo tragável.
quinta-feira, 25 de março de 2010
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e você cheia de encantos, como sempre.
ResponderExcluirlembro os dias por estas ruas em um passado não tão distante assim. eram nossas ruas, para ti também?
ou foi só dentro de mim que a coisa toda aconteceu?
(agora, meu egoísmo bate em minha cara e são os socos dos indiscretos risos que desperdicei por aí...)
o tempo passa, mas uma palavra ocoa em meio a névoa que dissipa-se a cada dia, um pouco mais, diante de minha mente... incomensurável.
beijo, carol.
que teu sorriso nunca perca o brilho.