rápidos
e hilários
goles de cerveja
em um happy hour íntimo
desinibido
e libertador
caminho só
por ruas desertas
que
ao invés de hostis
me soaram hospitaleiras
aconchegantes
e dóceis
são paulo?
sim.
o clima nem clima era
mas só a reflexão do meu corpo
pequeno e rápido
de botinhas
caminhando e pensando
o vento
não traía meus sentimentos
e se mantinha firme na mesma sintonia
na mesma tempertatura
que o órgão dos órgãos
a pálida e latente
de tantas pintas e pêlos finos
repirar o ar (nada) puro
dessa paulicéia
reprimida
por mim
pelo meu coração
reclamão, chato
um velho encarnecido
e estar só
comigo e meu passado
e minha alma
e vontades
e ser fiel ao mais profundo e ao mais vil
ao mais superficial
ideal
de vida
e de morte?
só
eu
e eu
.
.
finalmente
em casa
considerando os perigos
de estar sozinha
às onze da noite
o herói da madrugada
de ferro, alaranjado
vem me buscar e me deixa
na esquina de casa
no apartamento
tão imenso e ínfimo
ao mesmo tempo
quanto um ovo de codorna
e tudo que este poderia ter sido
de volta ao lar
com Dominique estressada
pedindo comida e carinho
e atenção
chega, Domi
já vou
calma
já vou
ração?
me deixe com a minha primeiro
sanduíche
incrementado
com picles
e maionese
empilho tudo
cuidadosa
em duas torrezinhas honestas
calmas
pão
margarina
queijo
picles
suco de maçã
não cabe?
encaixa
no queixo
cabe sim
PLÁ!
claro
e
por mais avisos de pai
e mãe
lá vou eu
com paninhos
e o vidro de maionese no chão
estraçalhado junto com minha vontade de dormir
antes da meia noite
papel-toalha
lembra de Almodóvar
e Penélope Cruz
em Volver
pano de chão
molhado
cuidado comigo
cuidado com a gata em dobro
para não ultrapassar
a barreira do pssst-passa!
limpeza
paranóia
cheiro de maionese
e todos os ovos
e os bicarbonatos e sulfatos e químicos sabe-se quais?
que poderiam ter sido
no meu prato
se foram
no azulejo branco
no taco telha
e me trouxeram de volta do balão
pra realidade
me lembrando
que amanhã
ainda
é
quarta-feira