quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Buenos Aires

fazia tempo que a conhecia
desde os primordianos do alto dos meus 14 aninhos e não mais
visitei a grande maçã latino americana
de ares bons
e povo parecido comigo
em trajes, trejeitos, gostos e culturas

volto agora
oito primaveras ou mais depois
para os bequinhos de san telmo
cheio de tango e cheiro de antigas lembranças
de uma cidadela de tempos passados e não esquecidos
passo pelos inúmeros cafés de luzes avermelhadas 
tremeluzentes, relampejantes
do centro
de ruas largas, avenidas infinitas, propagandas americanas
presentinhos e quinquilharias 
do couro conhecidamente argentino

caminho leve pelas calçadas quentes
que desembocam na arquitetura de detalhes impecáveis da recoleta
na livraria que sonhei um dia
nas portas de monumentalismos e belezas incontestáveis

caio sem eira na beira oscilante 
de puerto madero
um porto de ventos bons e irritáveis
de águas turvas e barcos singelos
de restaurantes ribeirinhos que cobram dólares 
de comidas de típico teor carnívoro

tropeçando, me vejo
sem querer, em um rosedal
clássico, de rosas absurdas
que me lembram a delicadeza
e a aspereza do poema de vinícius
e no jardim japonês-argentino

tudo dentro de palermo, o soho gaucho
as ruas perpendiculares
as lojas ainda fechadas, garrafas pelo chão, denotam noites de boemia e juventude 2013 
o novo do novo
me fazendo crer na cidade mais díspar e plural já concebida

sem entender, paro nas cores
nas madeiras pintadas
no tango para turistas
nos tecidos
padrões e losangos
do étnico peruano
adquirido pelo mundo platino
como nunca
vou caminhando
comendo pêra
pela feira
do caminito
imaginando os poetas e milongueiros de outrora
que chegavam no porto pelo mar
tinham mulheres e cachaças e melodias acordeônicas 
como bons regalos

me pego agora
de esquina com sol tímido
fotos no filme a revelar
escritas a serem feitas
notas sobre uma cidade
de avenidas grandes
de horizonte largo
de mil teatros
sebos a centenas
gosto antigo 
kitsch refinado
mulheres de nariz grande e pele bronzeada
uma grosseria delicada
homens de sutil hombridade 
gente buena
que posso agora dizer segura
hermanos
de ventos calientes 
e língua parecida
tens uma cidade 
belíssima
preciosa
de bueno gusto
de buenas calles
que não a toa é conhecida
pelos seus
buenos aires

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