terça-feira, 21 de abril de 2009

aquela leveza de alma

por esses dias, desde sexta-feira, tô em visita à terrinha, passo fundo, na casa dos papis, sendo um pouco mimada. amanhã, porém, volto à garoa, à poluição, ao cinza, ao vento frio da paulista, às tarefas da faculdade, ao ônibus e tudo que minha rotina me reserva.

volto pra mim, volto pros meus deveres, pro meu amor, pra minha gata, pra amizade de queridos.

mas enquanto tô aqui e estive aqui em passo, vivi esses momentos, tentando seguir algumas palavras de osho, sem pensar em muitas coisas, esvaziando a cabeça, me concentrando em viver em passo fundo, por cinco dias. vários momentos foram bem bons, aconchegantes, felizes. o melhor deles, não por ser o melhor, mas por ter sido o que mais marcou foi no sítio, numa cidade bem próxima daqui, quando resolvemos fazer fogo no chão. meu pai e meu irmão fizeram, enquanto eu tava na cabana fazendo não sei o que. quando saí, já era bem noite, escura, sem uma nuvem no céu, só o contraste do branco miúdo e reluzente de muitas estrelas, e todas muito próximas uma da outra, com o fundo preto do céu. do cosmo. meu irmão me chamou pra perto do açude, onde tinha menos luz ainda e se podia ver melhor, por causa também das poucas árvores. ele saiu, fiquei ali sozinha. a distância que me separava do resto do mundo parecia infinita, sem poder haver volta, ou se outro mundo senão aquele nem exisitisse, só na minha memória. me senti flutuando num mar negro, com pontos luminosos esparsos, na solidão da sinfonia dos grilos. minha respiração parou, por um momento, pra sentir fundo o silêncio que se fazia pesado, envolvente. e fui acordada, segundos depois dessa eternidade, pelo meu irmão me chamando: mana! mana!

voltei pra perto do fogo, junto dos meus pais e meu irmão. quando caminhava, bateu um ventinho gelado na nuca, lembrando algo, acariciando e dizendo alguma coisa no meu ouvido. sorri, silenciosa.

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